domingo, 21 de setembro de 2008

"Em artes tens que ser criativo..."

No intervalo de um concerto, as luzes fizeram questão de aparecer na sala em U e com elas dezenas de rostos se definiram. Familiares e não-familiares.
Observando como que me entretendo, eis que o meu olhar se fixa na direcção de uma jovem, de nuca virada para o palco, a pôr a conversa em dia com (presumi eu) conhecidas da preparatória que teve o azar de reconhecer.
Entre o enfado e o orgulho, Popeye* lá discorria o que andava a fazer da vida: falava da sua incursão na área artística (qual, não consegui distinguir) e nessa sequência rematou com a frase: - "Em artes tens que ser criativo, é sempre aquela pressão para criares...". - O brilho inchado dos seus olhos reflectia nos das receptoras que pendiam a cabeça assertivamente perante genial afirmação.
Mesmo sem querer, não consegui evitar um esgar desdenhoso sobre Popeye, para quem ser-se criativo é só uma coisa fixe de se mostrar, que nos faz vestir roupas cool e imitar o que já foi feito. Felizmente, a sala voltou ao estado de anonimato.

*Sim, penso que lhe poderei dar um nome, afinal fui eu que reparei no companheiro de Olívia Palito: as riscas azuis, intervaladas no branco da indumentária superior, e o seu porte, certamente alimentado a espinafres, nostalgiaram-me o bom rebelde do cachimbo.

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