terça-feira, 25 de novembro de 2008

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

fiquem sabendo... II

QUE


.I. !!! .I.

estou a um grito de entrar em combustão


não sou propriedade do vulgo


conhecerem-me não é mais que uma miragem


morderei a Verdade para cuspi-la de seguida


irei atropelar quem se meter à frente


todos os olhares ficam guardados na caixa


rasgarei os conselhos nunca pedidos


o alçapão irá arrumar os trambolhões dali para fora


o desprendimento ajudará um cisne a nascer

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

Fiquem Sabendo...

[...] quando se dá com um homem quase em maluco e quando, talvez para sua própria surpresa, ele descobre que ainda tem alguma resistência, algumas capacidades, então é natural que esse homem actue muito semelhantemente a um ser primitivo. Tal homem é capaz de se tornar, não só teimoso e obstinado, mas também supersticioso, de acreditar em magia e de praticar magia. Tal homem está para além da religião; é da religiosidade que padece. Tal homem torna-se um monomaníaco, empenhado em fazer uma única coisa, coisa essa que é destruir o encantamento mau que sobre ele foi lançado. Tal homem está para além de lançar bombas, para além da revolta; quer deixar de reagir, quer inertemente, quer ferozmente. Esse homem entre todos os homens da Terra quer que o acto seja uma manifestação de vida. Se, ao tomar consciência da sua terrível necessidade, começa a agir regressivamente, a tornar-se associal, a gaguejar, a mostrar-se tão absolutamente inadaptado que nem é capaz de ganhar a vida, se tal acontecer, fiquem sabendo que esse homem encontrou o caminho de regresso ao útero e fonte de vida e que amanhã, em vez do desprezível objecto de ridículo que fizeram dele, se demarcará como homem por seu próprio direito e todos os poderes do Mundo serão inúteis contra ele.
Henry Miller

Um bom livro não espera pelo rastilho: rebenta-nos logo no peito.

terça-feira, 18 de novembro de 2008


Moral da estória contada em forma de infinito:


falar menos
ou mesmo
não falar

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

AinDa não consegui AtiNgir


Ainda não consegui atingir.
Ainda não consegui atingir aquilo que Henry Miller chama de centro ovariano. Para ele, o lugar onde só entra quem está nu, desprovido de nada, pois quem entra nada, nada no magma, flutua no cosmos, cospe para cima, amachuca corações dados como mortos.
Todos os dias, às horas que marcam, sinto baterem no alçapão. Existem vezes em que as pancadas são tão fortes e vigorosas e levantam tanto pó e certezas que se me imobilizam quase todos os sentidos.
Fico à escuta.
Espero algo ou alguém para tratarem do assunto que eu daqui não me atrevo.
Quando a ajuda tenta o alçapão, aponto o nariz em direcção à altivez e ponho-me a enumerar os porquês de ela não saber desempenhar o papel de boa samaritana.

Que presunção pensarem que Eu não consigo abrir uma coisa de madeira!!


E assim prossigo aninhada no meu pendular: ora raspando os pés no chão, ora sentindo a vertigem da beleza nas mãos.

domingo, 16 de novembro de 2008

sábado, 15 de novembro de 2008

Chego, digo olá, boa noite, tiro o sorriso do bolso e colo-o onde é devido. Os intervenientes fazem o mesmo, excepto com os sorrisos, que já apresentam vestígios de bolor a escorrerem pelas rugas de impressão abaixo.
Saco de um cigarro e sento-me acompanhada por ele. Sinto uma chama no meu olho direito e faço questão que seja partilhada pelo esquerdo. Apesar dos dois olhos já estarem aconchegados ao fumo e ao fogo, apercebo-me que acabei de me enfiar num iglo cheio de ursos. Eu até gosto de ursos, não falo é a língua deles. Alguns são amorosos, outros nem tanto, mas gosto deles. Mesmo. A sério [não sei].
Então ali estou eu, com o sorriso quase a deslizar para o bolso, tentando de algum modo sentir o calor desses animais de grande porte e postura. Tenho quaaase, quase, a certeza de que eles conseguem exalar algum calor, alguma faísca... alguma...
Mas não. Não consegui nada. Não esta noite. Não ali.
Os cigarros continuam a ser filtrados pelo desejo de sair dali rapidamente e os olhos resistem estóicamente à dormência provocada pelo frio cortante.
Até que quebro o gelo e vou-me embora.


terça-feira, 28 de outubro de 2008

Narciso ao Espelho


Apanhamos o narcisismo a transbordar quando nos sentimos a ajuizar os outros através de complexos outrora nunca admitidos.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

sábado, 18 de outubro de 2008

Démodé



Apesar do horário abaixo não ser o real, acabo de chegar das minhas [já escassas] sessões sociais.
Esclarecimentos?
Pois então é assim:
Deste lugar, onde ignoro as altitudes que o desprendimento desenhou, tenho uma vista privilegiada sobre os sulcos faciais de cada um.
A legendagem é sempre subjectiva, mas a verdade que sinto nestas absorções é tal que, ou me comovo muito, ou me desiludo muito. Quanto ao meio-termo, esse, nunca tem voz activa nestes fóruns emocionais.
E o que retirei, mais uma vez, das escassas sessões sociais, não foi mais que um sentimento acre repleto de borras embebidas no vinho anestésico.
Definitivamente, o desfile Felicidade Primavera-Verão não é para mim.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

domingo, 12 de outubro de 2008

A Todos os Que Falam Mal da Solidão



É verdade, ando sozinha. É verdade, sinto-me sozinha. É verdade que muitas vezes estou invisível a vozes, horários, exigências, tretas... Mas também é verdade que é assim que me sinto bem.
Necessito da solidão. Necessito da reflexão. Necessito da sensação de muros altos à minha volta. Saber que há, pelo menos, um lugar onde sei que o tempo e o espaço só a mim pertencem. Um lugar onde possa, de olhos e lábios comovidos, atapetar a pele ao orvalho de uma relva sem dedos ponteiros às unhas mal cortadas. Sou viciada nessa exclusividade. Não da exclusão como efeito, mas da reactiva apreensão em querer proteger o carácter e a vontade de sonhar do grande Rosnar Tendencioso.
Não significa que não ame quem amo ou renegue qualquer símbolo de afecto ou partilha, mas preciso dessa paz amniótica. Muito.
Espero que compreendam isso. Espero que compreendam como dói ter de me justificar, como me sinto sonolenta por não viver em êxtase contínuo, como me sinto sufocada por querer encalhar na merda da época certa e ela nunca existir...
Se não compreenderem também não faz mal: os muros vão continuando por cá.


* Depois de duas releituras e meia deste texto, apercebi-me do grau trágico da coisa. Apercebi-me, até, que chega a roçar o tragicómico. Longo é o caminho da credibilidade...

sábado, 11 de outubro de 2008

Oh Búzio que Tocais a Imensidão!

1. As crianças não podem comer pimenta!
2. Dois terços dos diálogos a fazerem-se figas ao titânico Verão versus Outono...
3. Vi logo que não ligaste ao filme, a julgar pelo comentário satírico.
4. Sorriem ironicamente à ousada palhaçada do entertainer, mas arrastam-se em dormências e indecisões.
5. Mete mais tabaco!!
6......................................................................

São algumas das teorias, expressões e atitudes que têm o poder de me tornarem numa anacoreta.


O desânimo abafa-nos com sua moinha.
Aaaaaaaaaai se o dogmatismo matasse...

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O que Faz a Falta de Fazer

por meio de embaraçosas adulterações, saber qual o significado do meu nome ~ saber que ele é um diminutivo masculino ~ tentar digerir esta coisa de ser-se uma -inho ~ tropeçar numa livraria com primeiro andar ~ ser atraída pelos livros de encadernações simples ~ flectir os joelhos até ao melhor ângulo ~ achar um livro de Tolstói ~ escrever no blog o título anterior a este ~ ele significar o que significa ~ ler a história onde a mártir principal se chama Ivan ~ aperceber-me que eu e o Ivan temos mais coisas em comum do que realmente gostaria ~ tentar acreditar que este casual reconhecimento está na forma e não no conteúdo ~ encerrar com a frase gélida que costumo disparar em fuga: coincidência é o sentido que queremos dar ao acaso...

domingo, 21 de setembro de 2008

Epitáfio

I wish I knew how it would feel to be free
I wish I could break all the chains holding me
I wish I could say all the things that I'd should say
Say'em loud say'em clear for the whole round world to hear
I wish I could share all the love that's in my heart
Remove all the doubts that keeps us apart
I wish you could know what it means to be me
Then you'd see and agree that every man should be free
I wish I could give all I'm longing to give
I wish I could live like I'm longing to live
I wish I could do all the things that I can do
And I'm way over due i'll be a star ever knew
I wish I could be like a bird up in the sky
How sweet It would be if I found I could fly
So long to my song and look down upon the sea
And I sing because I know how it feels to be free

"Em artes tens que ser criativo..."

No intervalo de um concerto, as luzes fizeram questão de aparecer na sala em U e com elas dezenas de rostos se definiram. Familiares e não-familiares.
Observando como que me entretendo, eis que o meu olhar se fixa na direcção de uma jovem, de nuca virada para o palco, a pôr a conversa em dia com (presumi eu) conhecidas da preparatória que teve o azar de reconhecer.
Entre o enfado e o orgulho, Popeye* lá discorria o que andava a fazer da vida: falava da sua incursão na área artística (qual, não consegui distinguir) e nessa sequência rematou com a frase: - "Em artes tens que ser criativo, é sempre aquela pressão para criares...". - O brilho inchado dos seus olhos reflectia nos das receptoras que pendiam a cabeça assertivamente perante genial afirmação.
Mesmo sem querer, não consegui evitar um esgar desdenhoso sobre Popeye, para quem ser-se criativo é só uma coisa fixe de se mostrar, que nos faz vestir roupas cool e imitar o que já foi feito. Felizmente, a sala voltou ao estado de anonimato.

*Sim, penso que lhe poderei dar um nome, afinal fui eu que reparei no companheiro de Olívia Palito: as riscas azuis, intervaladas no branco da indumentária superior, e o seu porte, certamente alimentado a espinafres, nostalgiaram-me o bom rebelde do cachimbo.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

[S]enLaço

É fácil, não dói, não custa nada.
Muito pelo contrário.
Até aligeira o vazio entaramelado que aqui vai.
Fechar os olhos e sentir os rios, montes e vales dos ofegantes que se apresentam.
A acção acelera e, de repente, já se está de catana em punho a desbravar mato.
Chegados à clareira, dá-se fogo ao fumo.
Os olhos semicerram da luta contra a clareza.
E, mais uma vez, a História contraprova-se: os verdadeiros presentes não se chegam a oferecer.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

"Abrir Aspas Fechar Parêntesis)




Os casos são vários e os exemplos são claros.
Existem pessoas escravas do número 1, ou seja, do destaque positivo, ou seja, do unânime olhar de admiração.
Ele há gentes viciadas nesse olhar e, para que penda sempre na sua direcção, utilizam atalhos roubados ao percurso daqueles que guardam as caminhadas mais longas no interior de si mesmos.
O gostar da admiração alheia por aquilo que somos ou fazemos, é legítimo. Agora, o gostar de ser bajulado por palavras ou actos sem qualquer vislumbre de aspas, é merda.

Se já Kant dizia, porque não acreditar?


As contingências que não correspondam ao puro respeito da lei da nossa liberdade racional são as opacidades do eu bloqueadoras da transparência feliz.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Baía Advice's

If you hold a stone, hold it in your hand
If you feel the weight, you'll never be late to understand

Caetano Veloso

domingo, 7 de setembro de 2008

(des)GOSTOS SALIVARES


Sermos indigestos a alguém que mastigamos alegremente não olhando a tic tac's.

SMOG...

A tI:


com quem nunca desab[af]ei o mundo
com quem nunca troquei apertos e carícias
a quem nunca liguei suspirando saudades
a quem nunca cantei amores roubados
com quem nunca gritei por ser quem sou
com quem nunca gargalhei por coisa alguma
a quem nunca feri por minh'alma perdida
a quem nunca vassalei caprichos
com quem seria tudo o que sempre quis ser com alguém
com quem não haveria injustiças ou vergonhas

a quem o meu corpo responderia em chamas
a quem consentiria a ausência da minha lucidez
de quem só sei a mesma solidão
de quem só sei a mesma rectidão
de quem só sei o que nos aparta

de quem só sei a longa espera

com quem adivinho inebriantes encontros nesse lugar ausente perdido ou achado nos distintos tempos de nossas vidas



segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Frederico não chegara a nascer. Apesar do forte desejo em recebê-lo, não fora ele quem veio para ficar. Aninhado na liquidosa placenta, boiava antes um ser que ao primeiro assomar agarrou-se às vísceras mais próximas sorvendo delas gordas golfadas de ar.
"Mas o que é isto?!" - questionavam, perturbados, os anciões da tribo - "As vísceras são demasiado cruas e sujas para serem sorvidas desta maneira!! O que vai acontecer a esta espécie se nega uns ovos tão bem estrelados? O que fazer se ele não ficar com o carimbo desta marca na prateleira de cima?!?"
Nos primeiros tempos a coisa até correu bem no seio da tribo. Os ovos eram dissimuladamente impingidos ao Ser-Sorvedoiro-de-Vísceras e todos eram felizes com os seus carimbos nos ombros. As cascas gozavam de boa saúde (nem uma só rachadela!) e o sítio, onde era transformada a merda defecada pela comunidade, morava na sombra de um horizonte anónimo. Tudo corria pelo melhor.
Mas, à medida que as nuvens ficavam mais perto da cabeça do Ser-Sorvedoiro-de-Vísceras, mais o cheiro a merda se intensificava no seu cérebro. Intrigado e acabrunhado por tão mal-estar, começou a questionar todos os que por si passavam acerca do fenómeno nauseabundo:
-"Desculpe, errr... sei que é má-educação interrompê-lo enquanto coça os olhos, mas não lhe cheira mal? É que até estou indisposto com o que me chega ao nariz..." - sem deixar de fazer aquilo que estava a fazer, o Coça-Olhos espreitou aquela voz pelo triângulo dos dedos atirando com um olho e uma sobrancelha perdidos de riso. O Ser-que-Gostava-de-Vísceras continuou então a caminhar ao encontro de alguém mais sensato e menos triangular. (to be continued...)

sábado, 9 de agosto de 2008

Mãos Escorregadias

"Se os outros não me conhecem, eu conheço-me."

Florbela Espanca

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Google Heart

Um avião que troveja de quando em quando... um metrónomo de incerto chilrear, um ladrar que se confunde nos motores pontuais, os motores pontuais... a casa, as portas e as janelas abertas, os objectos dispersos em arrumação, o silêncio... palpitar, pestanejar, pés a roçar, mãos obedientes ao pensar ... e no pensar, nada obedece ao sentir!... e no sentir tudo se estilhaça por querer sair!!!

segunda-feira, 28 de julho de 2008

Querido Destino:

__ empurrar afastar quebrar saltar limar chegar saborear __

vai ser o agulhar do nosso próximo Arraiolos

Todos Pensam Desconfiar mas...

... ninguém sabe que...

... a lágrima não salga pelo moralizar standard;
... a testa ruffle não se deve aos pacotes vazios;
... a brusquidez não nasceu do ódio;
... o silêncio não inunda pela ausência de voz;

Ninguém sabe, mas eu trago a cabeça debaixo do braço e, no seu lugar, um coração gelatinoso aguarda o extâse em forma de condensação.

domingo, 18 de maio de 2008

Branding

O excesso de fricção dá nisto __________ fosse tudo smiles do live e nada destas coisas aconteciam.
Questão: a tonalidade que pincela o gesso informe dos códigos semânticos é aquilo que o Outro interpreta desses tons ou é aquilo que se pensa estar pincelar? Existe por aí algum pedaço de vidro reflexivo? Se for reflectivo também se aceita...
Coçar faz ferida e friccionar autistamente faz branding.
A ferida deixa marcas - umas passageiras, saradas à laia de vermelhos líquidos e rápidos pensos, outras que nos acompanham, gradualmente dissimuladas, pela vida fora.
Agora o branding não. Primeiro fica em carne viva, depois ganha crosta, depois da saída dessa crosta, fica uma marca, um desenho, algo que, por mais queiramos disfarçar, está lá bem delineado. Não quer dizer que seja muito diferente da ferida, a diferença mora no voluntarismo versus acaso.
As minhas feridas são todas elas nostálgicas. Quanto aos brandings... não chegaram a ganhar crosta.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Num atropelo de imagens, princípios, desejos, receios, lá vou eu a pensar que tenho de inspirar e expirar para que tudo corra bem.

Pânico

O meu tambor tem um ribombear diferente... estranho a todos os sons que já ouvi nele...
Estes sons correm velozmente por todo o tambor: à volta, por dentro, para cima, na diagonal...
Mas onde estes sons se reúnem, como se de um ritual crepuscular se tratasse, é no meio do meu tambor. Bem no meio.
Este meio, que é um centro afinal, está pavorosamente escancarado.
A culpa? Sons vindos de lá ao longe que se sentem bem cá ao perto e teimam em assustar o meu tambor por ele não os conhecer desde sempre...
Pavloviamente reagindo, o meu tambor ribombeia ao compasso do ritual crepuscular dos sons, desmesuradamente, com toda a força, receoso de partir alguma bagueta.

terça-feira, 25 de março de 2008

Suspensão

Nesta letargia que não mata nem mói escorrem-se-me certas ideias... Ideias com pés de chumbo por pedincharem acção. A mim ninguém pedincha nada, nem sequer as Ideias! Quem elas pensam que são?! Chegam aqui e começam a exigir, assim... do nada!!
Estatelada com a cara na letargia, escorrem-se-me certas vidas... Principalmente uma que anda por aí, petulantemente chamada de Vida Feliz.