quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Já estou na estação. Ainda a salpicar o chão mas cheguei cá. Acho que consegui. E as malas feitas não vieram. Orientei rostos surpresos a tomarem bem conta delas - por favor - claro, - é para vocês, a sério - não acreditavam que algum dia pudesse inundar em mim.
O comboio já lá vem a trote vaidoso. Cedo adivinhara o tom da recepção: os poros cumprimentam os pêlos de satisfação, os nós das mãos são desfeitos pelos dedos, as costas encostam-se à coca, e os lábios... a sorrirem com o saborear de um desfecho já agora.
- Grandioso! - sussurram todos a medo de estancarem o corrimento feliz.
E eu: já estou cá. Eu e a paisagem.


quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Mais uma lamúria [das boas] adicionada à colecção
que vai sendo calcada pelo peso da saturaçãO

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Bisounours

Até quando este corredor sem portas com purgatório escrito nas paredes?
Até quando este viver entrepassado por brancos e pretos?
Ora branco ora preto ora preto ora branco ora pret.. às vezes um cinzento de pontas arroxeadas mas estado de pouca dura, as cores que são antípodas são também elas vencedoras.
Sou uma corda que balança indiferente ao ritmo de quem desliza. Renego pontos de referência e não aponto limites à velocidade.

Até quando esta sensação de dedo adormecido no pause?
Preto branco branco branco preto preto branco brevemente a jorrarem numa alma perto de si. Canalizar fazer beleza marcar suor canalizar, sim, eu sei, o pacto com o desprendimento é que não me deixa aterrar.
Sou corda, sou folhas, sou bandeira, sou plástico, sou saia rodada, sou baloiço onde se sentam os que desejam amostras do voar.

Até quando esta expressão tão baça que opaca?
Fugi tanto dela... podes fugir mas não te podes esconder, dizem.
Ei-la bem sufocada na pele sardenta já sem graça.

Até quando esta ausência do amor?
A ausência que subjuga cada gesto e cada olhar, a quem obedeço a sorrir e a chorar em porções comedidas e sem graça. Sem graça. Sempre.

Sou seara esquecida pela chuva, sou cansaço, sou repreensão, sou susto, sou manequim sem roupa nas traseiras de um armazém...