Frederico não chegara a nascer. Apesar do forte desejo em recebê-lo, não fora ele quem veio para ficar. Aninhado na liquidosa placenta, boiava antes um ser que ao primeiro assomar agarrou-se às vísceras mais próximas sorvendo delas gordas golfadas de ar.
"Mas o que é isto?!" - questionavam, perturbados, os anciões da tribo - "As vísceras são demasiado cruas e sujas para serem sorvidas desta maneira!! O que vai acontecer a esta espécie se nega uns ovos tão bem estrelados? O que fazer se ele não ficar com o carimbo desta marca na prateleira de cima?!?"
Nos primeiros tempos a coisa até correu bem no seio da tribo. Os ovos eram dissimuladamente impingidos ao Ser-Sorvedoiro-de-Vísceras e todos eram felizes com os seus carimbos nos ombros. As cascas gozavam de boa saúde (nem uma só rachadela!) e o sítio, onde era transformada a merda defecada pela comunidade, morava na sombra de um horizonte anónimo. Tudo corria pelo melhor.
Mas, à medida que as nuvens ficavam mais perto da cabeça do Ser-Sorvedoiro-de-Vísceras, mais o cheiro a merda se intensificava no seu cérebro. Intrigado e acabrunhado por tão mal-estar, começou a questionar todos os que por si passavam acerca do fenómeno nauseabundo:
-"Desculpe, errr... sei que é má-educação interrompê-lo enquanto coça os olhos, mas não lhe cheira mal? É que até estou indisposto com o que me chega ao nariz..." - sem deixar de fazer aquilo que estava a fazer, o Coça-Olhos espreitou aquela voz pelo triângulo dos dedos atirando com um olho e uma sobrancelha perdidos de riso. O Ser-que-Gostava-de-Vísceras continuou então a caminhar ao encontro de alguém mais sensato e menos triangular. (to be continued...)
segunda-feira, 11 de agosto de 2008
sábado, 9 de agosto de 2008
segunda-feira, 4 de agosto de 2008
Google Heart
Um avião que troveja de quando em quando... um metrónomo de incerto chilrear, um ladrar que se confunde nos motores pontuais, os motores pontuais... a casa, as portas e as janelas abertas, os objectos dispersos em arrumação, o silêncio... palpitar, pestanejar, pés a roçar, mãos obedientes ao pensar ... e no pensar, nada obedece ao sentir!... e no sentir tudo se estilhaça por querer sair!!!
segunda-feira, 28 de julho de 2008
Querido Destino:
__ empurrar afastar quebrar saltar limar chegar saborear __
vai ser o agulhar do nosso próximo Arraiolos
vai ser o agulhar do nosso próximo Arraiolos
Todos Pensam Desconfiar mas...
... ninguém sabe que...
... a lágrima não salga pelo moralizar standard;
... a testa ruffle não se deve aos pacotes vazios;
... a brusquidez não nasceu do ódio;
... o silêncio não inunda pela ausência de voz;
Ninguém sabe, mas eu trago a cabeça debaixo do braço e, no seu lugar, um coração gelatinoso aguarda o extâse em forma de condensação.
... a lágrima não salga pelo moralizar standard;
... a testa ruffle não se deve aos pacotes vazios;
... a brusquidez não nasceu do ódio;
... o silêncio não inunda pela ausência de voz;
Ninguém sabe, mas eu trago a cabeça debaixo do braço e, no seu lugar, um coração gelatinoso aguarda o extâse em forma de condensação.
domingo, 18 de maio de 2008
Branding
O excesso de fricção dá nisto __________ fosse tudo smiles do live e nada destas coisas aconteciam.
Questão: a tonalidade que pincela o gesso informe dos códigos semânticos é aquilo que o Outro interpreta desses tons ou é aquilo que se pensa estar pincelar? Existe por aí algum pedaço de vidro reflexivo? Se for reflectivo também se aceita...
Coçar faz ferida e friccionar autistamente faz branding.
A ferida deixa marcas - umas passageiras, saradas à laia de vermelhos líquidos e rápidos pensos, outras que nos acompanham, gradualmente dissimuladas, pela vida fora.
Agora o branding não. Primeiro fica em carne viva, depois ganha crosta, depois da saída dessa crosta, fica uma marca, um desenho, algo que, por mais queiramos disfarçar, está lá bem delineado. Não quer dizer que seja muito diferente da ferida, a diferença mora no voluntarismo versus acaso.
As minhas feridas são todas elas nostálgicas. Quanto aos brandings... não chegaram a ganhar crosta.
Questão: a tonalidade que pincela o gesso informe dos códigos semânticos é aquilo que o Outro interpreta desses tons ou é aquilo que se pensa estar pincelar? Existe por aí algum pedaço de vidro reflexivo? Se for reflectivo também se aceita...
Coçar faz ferida e friccionar autistamente faz branding.
A ferida deixa marcas - umas passageiras, saradas à laia de vermelhos líquidos e rápidos pensos, outras que nos acompanham, gradualmente dissimuladas, pela vida fora.
Agora o branding não. Primeiro fica em carne viva, depois ganha crosta, depois da saída dessa crosta, fica uma marca, um desenho, algo que, por mais queiramos disfarçar, está lá bem delineado. Não quer dizer que seja muito diferente da ferida, a diferença mora no voluntarismo versus acaso.
As minhas feridas são todas elas nostálgicas. Quanto aos brandings... não chegaram a ganhar crosta.
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