quinta-feira, 25 de setembro de 2008

O que Faz a Falta de Fazer

por meio de embaraçosas adulterações, saber qual o significado do meu nome ~ saber que ele é um diminutivo masculino ~ tentar digerir esta coisa de ser-se uma -inho ~ tropeçar numa livraria com primeiro andar ~ ser atraída pelos livros de encadernações simples ~ flectir os joelhos até ao melhor ângulo ~ achar um livro de Tolstói ~ escrever no blog o título anterior a este ~ ele significar o que significa ~ ler a história onde a mártir principal se chama Ivan ~ aperceber-me que eu e o Ivan temos mais coisas em comum do que realmente gostaria ~ tentar acreditar que este casual reconhecimento está na forma e não no conteúdo ~ encerrar com a frase gélida que costumo disparar em fuga: coincidência é o sentido que queremos dar ao acaso...

domingo, 21 de setembro de 2008

Epitáfio

I wish I knew how it would feel to be free
I wish I could break all the chains holding me
I wish I could say all the things that I'd should say
Say'em loud say'em clear for the whole round world to hear
I wish I could share all the love that's in my heart
Remove all the doubts that keeps us apart
I wish you could know what it means to be me
Then you'd see and agree that every man should be free
I wish I could give all I'm longing to give
I wish I could live like I'm longing to live
I wish I could do all the things that I can do
And I'm way over due i'll be a star ever knew
I wish I could be like a bird up in the sky
How sweet It would be if I found I could fly
So long to my song and look down upon the sea
And I sing because I know how it feels to be free

"Em artes tens que ser criativo..."

No intervalo de um concerto, as luzes fizeram questão de aparecer na sala em U e com elas dezenas de rostos se definiram. Familiares e não-familiares.
Observando como que me entretendo, eis que o meu olhar se fixa na direcção de uma jovem, de nuca virada para o palco, a pôr a conversa em dia com (presumi eu) conhecidas da preparatória que teve o azar de reconhecer.
Entre o enfado e o orgulho, Popeye* lá discorria o que andava a fazer da vida: falava da sua incursão na área artística (qual, não consegui distinguir) e nessa sequência rematou com a frase: - "Em artes tens que ser criativo, é sempre aquela pressão para criares...". - O brilho inchado dos seus olhos reflectia nos das receptoras que pendiam a cabeça assertivamente perante genial afirmação.
Mesmo sem querer, não consegui evitar um esgar desdenhoso sobre Popeye, para quem ser-se criativo é só uma coisa fixe de se mostrar, que nos faz vestir roupas cool e imitar o que já foi feito. Felizmente, a sala voltou ao estado de anonimato.

*Sim, penso que lhe poderei dar um nome, afinal fui eu que reparei no companheiro de Olívia Palito: as riscas azuis, intervaladas no branco da indumentária superior, e o seu porte, certamente alimentado a espinafres, nostalgiaram-me o bom rebelde do cachimbo.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

[S]enLaço

É fácil, não dói, não custa nada.
Muito pelo contrário.
Até aligeira o vazio entaramelado que aqui vai.
Fechar os olhos e sentir os rios, montes e vales dos ofegantes que se apresentam.
A acção acelera e, de repente, já se está de catana em punho a desbravar mato.
Chegados à clareira, dá-se fogo ao fumo.
Os olhos semicerram da luta contra a clareza.
E, mais uma vez, a História contraprova-se: os verdadeiros presentes não se chegam a oferecer.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

"Abrir Aspas Fechar Parêntesis)




Os casos são vários e os exemplos são claros.
Existem pessoas escravas do número 1, ou seja, do destaque positivo, ou seja, do unânime olhar de admiração.
Ele há gentes viciadas nesse olhar e, para que penda sempre na sua direcção, utilizam atalhos roubados ao percurso daqueles que guardam as caminhadas mais longas no interior de si mesmos.
O gostar da admiração alheia por aquilo que somos ou fazemos, é legítimo. Agora, o gostar de ser bajulado por palavras ou actos sem qualquer vislumbre de aspas, é merda.

Se já Kant dizia, porque não acreditar?


As contingências que não correspondam ao puro respeito da lei da nossa liberdade racional são as opacidades do eu bloqueadoras da transparência feliz.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Baía Advice's

If you hold a stone, hold it in your hand
If you feel the weight, you'll never be late to understand

Caetano Veloso

domingo, 7 de setembro de 2008

(des)GOSTOS SALIVARES


Sermos indigestos a alguém que mastigamos alegremente não olhando a tic tac's.

SMOG...

A tI:


com quem nunca desab[af]ei o mundo
com quem nunca troquei apertos e carícias
a quem nunca liguei suspirando saudades
a quem nunca cantei amores roubados
com quem nunca gritei por ser quem sou
com quem nunca gargalhei por coisa alguma
a quem nunca feri por minh'alma perdida
a quem nunca vassalei caprichos
com quem seria tudo o que sempre quis ser com alguém
com quem não haveria injustiças ou vergonhas

a quem o meu corpo responderia em chamas
a quem consentiria a ausência da minha lucidez
de quem só sei a mesma solidão
de quem só sei a mesma rectidão
de quem só sei o que nos aparta

de quem só sei a longa espera

com quem adivinho inebriantes encontros nesse lugar ausente perdido ou achado nos distintos tempos de nossas vidas